A 13ª edição do Latinidades, maior festival de mulheres negras da América Latina, será realizado entre os dias 22 e 27 de julho e celebra o tema Utopias Negras. Em edição totalmente digital via YouTube, o festival reúne participantes do Brasil, Colômbia, Guiné Bissau, Nigéria, Barbados, Haiti, Costa Rica, Cuba, Jamaica e Etiópia. Serão 60 atividades divididas entre painéis, shows de música, recitais de poesia, workshops, vivências, oficinas, rodas de conversa e espaço infantil.
O projeto parte do lugar das artes e da cultura para dialogar, disputar narrativas e fortalecer diferentes saberes de mulheres negras: na academia, na rua, na escola, no chão de fábrica, na comunicação, nos movimentos sociais, na gestão de políticas públicas… na diversidade infinita das nossas potências e possibilidades de produção de conhecimento.
A missão do festival é ser plataforma de formação, cultura, inovação, geração de renda, impacto social, encontro, encanto, acolhimento, celebração e resistência. E nesta próxima edição, três grandes mulheres serão homenageadas: Mãe Dalva Damiana, da Irmandade da Boa Morte, na Bahia; a voz do milênio, a cantora carioca Elza Soares; e a artista Elisa
Lucinda, do Espírito Santo, fundadora da Casa Poema, onde publicou livros de poemas.
A programação começa no dia 22 de julho, às 10h, com a mesa Papo de Futuro, em parceria com a Crespinhos S.A. , do Rio de Janeiro. Pela primeira vez, o festival vai abrir com uma conversa entre crianças, de 9 a 11 anos, para falar do futuro.
— Cada vez mais buscamos estabelecer um processo formativo baseado na horizontalidade. E nesse exercício, é fundamental o reconhecimento da infância enquanto categoria social e das crianças negras como sujeitos históricos de direito, produtoras de cultura e de conhecimento — afirma Jaqueline Fernandes, fundadora do projeto.
Completando a programação do primeiro dia, às 15h, tem a mesa mediada pela Val Benvindo sobre Arte, utopia e criatividade com a participação da Elisa Lucinda, Giovanna Heliodoro, Bia Manicongo e Gabriela Loran. Será uma conversa com realizadoras e criadoras negras sobre utopias, subjetividades e processos criativos. Um espaço para falar dos sonhos, desejos e inventividades dessas mulheres.
Ainda no primeiro dia, às 21h, o festival conta com a performance Meu corpo e minha voz aliados à minha dignidade – homenagem a Paula, interpretada por Yahndra Iriarte e produzido pelo Movimento Social da Mulher Cartagena e Bolívar. Destaque também para a mesa Sonhos Latino-Caribenhos: Mulheres em movimento, Amefricanidades e Feminismos insurgentes, realizada em dois momentos, às 15h e às 17h, do sábado (25). Será um espaço para falar da potência negra, diversidade e utopias para a construção de uma sociedade equânime. Serão muitas leituras e propostas para contrapor o modelo excludente de sociedade que vivemos.
A discussão sobre o racismo entranhado na política de guerra às drogas também faz parte da programação. No dia 24 de julho, às 15h, acontece uma mesa com o tema A utopia da paz: políticas de drogas e agenda antirracista em parceria com a Iniciativa Negra por Uma Nova Política sobre Drogas, primeira ONG negra que atua com advocacy para reforma da política de drogas no Brasil. A ONG propõe uma contranarrativa ao sistema racista vigente na política de drogas atual, que opera no modo de opressão às pessoas negras num consórcio de sistema de justiça, com segurança pública e saúde precarizada.
As participantes são Juliana Borges, Nathália Oliveira, Dudu Ribeiro – Silvio Almeida, Preto Zézé. A mediação ficará por conta de Cecília Oliveira, jornalista e colunista no Intercept Brasil e criadora da Plataforma Fogo Cruzado.
Todos os dias acontecem atividades no espaço infantil “Pretinhosidade”, realizada pelo Grupo Editorial Pretaria BlackBooks e Aflorarte Produções. O principal objetivo é levar arte, cultura, diversão e literatura de autoria negra para as casas das famílias brasileiras.
A Converse, apoiadora do evento, acredita que a arte tem o poder de refletir os tempos atuais e provocar conversas capazes de mudar o mundo. Para isso, convida a sua comunidade a criar de forma coletiva na campanha Create Together for Tomorrow e, durante o festival, conta com duas ativações. A primeira, é uma live com MC Soffia, rapper adolescente que canta sobre autoestima, diversão e questões raciais, junto com Rosa Luz,
também rapper, mulher transexual, negra e periférica. Cada uma em sua casa, o show conta com interação entre as duas em um bate papo informal sobre futuro.
No domingo, a marca promove a mesa Criar juntos novas narrativas negras na internet para o futuro, que conta com a participação de três influenciadoras digitais com diferentes narrativas: Bielo Pereira, bigênero, body positive, apresentadora do Coisa Boa Pra Você (GNT) e 138 mil seguidores no instagram; Lorrayne Carolyne, que tem 193 mil seguidores
no instagram e aborda temas sobre beleza – a sua forte presença nas redes, traz, quase que de forma automática, temas relacionados às Pessoas Com Deficiência; e Xan Ravelli, influenciadora digital com foco em moda e beleza negra, creator e mãe de um casal.
Encerrando o festival, o dia 27 de julho será dedicado ao projeto Serviço de Preta, uma maratona de ofertas de cursos, mentorias, workshops e ferramentas para fortalecer negócios de mulheres negras – um espaço de formação empreendedora, especialmente criado para trabalhadoras negras da cultura.
— Apesar de todo o legado da cultura negra para humanidade, os espaços onde se discute o mercado da arte e da cultura têm sido, historicamente, negados para pessoas negras. E não basta simplesmente estar lá, já que, não raramente, não dispomos das ferramentas necessárias para corresponder ao network e às dinâmicas lineares, eurocentradas e embranquecidas da indústria — explica Jaqueline Fernandes.
Programação completa no site oficial.