Numa roda de samba não há polaridades e nem hierarquia. É mesmo como a expressão da totalidade, simbologia trazida por tantas doutrinas filosóficas: uma roda de samba é a mais pura e simples representação da união e do respeito. Simplesmente Samba, tema da 14ª edição do Acústico Brognoli, foi um espetáculo tão bonito quanto necessário em tempos de estranha dureza nas relações. O show ocorreu na sexta (8), no Teatro Ademir Rosa (CIC), em Florianópolis.
Ainda que pese o cenário tropical e faustoso inspirado em obras do artista Juliano Aguiar, foi a roda armada em cima do palco que brilhou, exatamente pela grandiosa simplicidade do ato que é a reunião de músicos para chorar tristezas e cantar alegrias. O show reuniu alguns dos grandes nomes da cena musical da cidade, entre eles sambistas consagrados, como Wagner Segura, e arranjadores de primeira, como o violonista Luiz Sebastião, que assinou a direção musical. Um espetáculo que apresentou algumas das coisas que Floripa tem de melhor, o samba.
Aos talentos já reconhecidos de outros tempos, como Luis gama Pelé — ele, inclusive, participou de outras edições do Acústico Brognoli —, juntaram-se os novos, como a cantora Dandara Manoeala, voz linda que vem ganhando mais e mais amplitude.
Simplesmente Samba foi dividido em 5 tempos, cada um com sambas interpretados pelos quatro cantores convidados: Dandara, Raquel Barreto (maravilhosa!), Jeisson Dias e Marcondes Cargnin. O repertório passou pelo pedido inicial: não deixe o samba morrer!, e também por canções de João Nogueira e do mestre Gonzaguinha.
Mart’nália foi a consagração. A leveza de sempre: quanto mais simples, melhor. Quanto mais junto, quanto mais samba, melhor também. Não que um samba vá resolver todos os problemas, mas nada melhor sentar em roda, honrar o próximo e deixar o corpo falar.