No facão: Demétrio Panarotto lança livro artesanal pela Butecanis Editora Cabocla

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Foto: Ayrton Cruz

Por Fernando Boppré

Não é novidade alguma o fato de que as pequenas e as pequeníssimas editoras – manuais, corajosas e brutais no fazer; cordiais e entusiastas nas intenções – têm realizado muitos trabalhos de tirar o fôlego e que aos poucos vão compondo a história editorial brasileira. Recentemente, a Butecanis Editora Cabocla, de Camboriú (SC), tirou a facão vinte exemplares (que logo mais serão multiplicados) de Cerzindo e cozendo, de Demétrio Panarotto.

Demétrio é uma figura singular: há três décadas, ao menos, vem apresentando trabalhos autorais que aos poucos se tornam marcos. No campo da música, sua banda Repolho, em parceria com o irmão Roberto Panarotto, tem lugar garantido na história musical catarinense. Na literatura, em especial na poesia, sua produção tem sido o registro de uma busca incessante não apenas pela escrita, mas também pela fala. Lembro-me de ver Demétrio recitando poemas do alto de uma cadeira em plena Praça XV, no Centro de Florianópolis, em frente ao Teatro Armação.

Nos últimos tempos, Demétrio tem tocado um dos projetos mais interessantes no território poético, o Quinta Maldita, podcast que a cada semana tem derramado sobre nossos ouvidos uma multidão de poetas a lerem seus próprios poemas, construindo um interessante panorama da poesia contemporânea brasileira.

Agora, no inverno de 2020, Demétrio lança Cerzindo e Cozendo, obra que reúne três outros títulos seus (já esgotados) em um: No Puteiro (2016), Café com Boceta (2017) e Blasfêmia (2018). Trata-se de uma tiragem única de no máximo 50 exemplares, devidamente numerados, da Butecanis Editora Cabocla (que só pelo nome da editora já conquista nossos corações). A editora, segundo Daniel Rosa dos Santos, responsável pelos livros imaginados a partir das proposições cartoneras, “é inspirado nos punks do século passado (faça você mesmo) e nos caboclos brasileiros de qualquer época (na falta de tecnologia mais sofisticada, use o facão)”.

Segundo Demétrio, são livros feitos a facão. Peças únicas.

— Atesto que não é possível encontrar outro igual no mercado. Mas tem um dado peculiar que preciso compartilhar com vocês: a arte da capa (e as outras três internas) são xilogravuras, pra usar um termo pop, néo-modernas-nem-mais-nem-menos-realistas, feitas a partir daquelas bandejas de isopor, essas que embalam as cucas compradas em padaria. Imaginem quanta cuca foi comida. Meu Deus. Volte e meia ligava pro Daniel e a filha dele, a Flora, dizia, não tá, foi comprar cuca — conta.

A Humana Sebo e Livraria está sorteando uma dessas relíquias. Para participar, basta acessar o perfil do Instagram da livraria e procurar pelas instruções no post da promoção. E para saber mais sobre esses e outros livros e ideias de Demétrio, nesta segunda-feira (24/8), às 19h, o autor participa de uma live da Agenda Cultural desde o YouTube da Humana. Participam do papo Demétrio Panarotto, Daniel Rosa dos Santos (editor da Butecanis) e Mano Oliveira (professor e poeta).

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