Relatos da pandemia: o que faz um antropólogo isolado em um Ilê?

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Foto: Brasil Plural UFSC / Arquivo Pessoal / Reprodução

Antropólogos e pesquisadores do Departamento de Antropologia da UFSC estão reunindo na página Antropologia em Contágio artigos e ensaios sobre a pandemia. São reflexões relacionadas aos diversos modos de produção, articulação e compartilhamento de experiências relacionadas à epidemia da COVID-19.

Em Relatos de um Antropólogo em isolamento no terreiro de Umbanda, o pesquisador Igor Luiz Rodrigues da Silva, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC, compartilha impressões a partir dos encontros provocados pelo silêncio e alteridades marcadas pela fé e conflitos de mundos. Trata-se de exteriorização dos sentimentos que dialogam com o isolamento e com o ser umbandista.

“Este relato se estende além do campo e pesquisa já finalizada para a obtenção do titulo de doutor. Terminei a ultima parte da minha pesquisa no rio São Francisco no dia 13 de março de 2020. É uma pesquisa onde analiso questões sobre modificações de paisagens, relações multiespécies, relação de técnicas, práticas e percepções dos ribeirinhos com e no o rio, na cidade sertaneja de Pão de Açúcar, Alagoas. A ultima fase da pesquisa tinha sido iniciada em maio de 2019.

Eu tinha o objetivo de voltar a Florianópolis no dia 20 de março, para, por fim, entrar na fase final, que é na escrita da qualificação e tese, bem como na edição de imagens e vídeos produzidos durante os dois anos que estive em campo. Aqui em Alagoas, quando a pandemia começou a se espalhar pelo país, demorou um pouco para se ter registro dos primeiros casos e tudo funcionava na mais pura normalidade, porém em outros estados como São Paulo, Rio de Janeiro e até mesmo Santa Catarina, já apresentavam seus altos números.

(…) Nesse período, Alagoas e Maceió, onde eu me encontro hoje, entrou em total isolamento social, ruas vazias, estradas com pouca movimentação, ainda consegui sair um dia para pedalar na orla, depois o medo e pânico tomou conta e eu não consegui mais sair para a realização de atividades esportivas, mesmo fazendo individualmente. Ao mesmo tempo em que tudo se fechava, pessoas paravam de trabalhar, muitos começavam a perder seus empregos, o Terreiro de Umbanda do qual faço parte aqui em Maceió, tendo suas atividades religiosas paralisadas, festas canceladas (Feijoada do Pai Joaquim em 19 de março, a de Ogum em 21 de abril, e provavelmente a maior festa do terreiro, a Feijoada de Vovó Maria Conga, que acontece todos os anos no dia 13 de maio também não vai se realizar), decidiu retomar a distribuição de sopas para a comunidade do entorno do Ilê.”

Para ler o relato na íntegra, clique aqui e aqui.

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