Um Dia de Chuva de Nova York, de Woody Allen, na estreia do Cine Drive-In do Cinesystem em Florianópolis

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Não era uma noite fria nem tampouco quente, a quinta-feira, 23 de julho de 2020, quando se teve na cidade de Florianópolis a inauguração do Cine Drive-In do Cinesystem. A estrutura montada no estacionamento do Aeroporto Internacional de Florianópolis reuniu cerca de 50 carros para o último filme de Woody Allen, Um Dia de Chuva em Nova York. De fato, não se choveu durante a exibição da história, mas certamente o clima romântico foi contagiante.

O complexo criado para atender até 110 carros, em três sessões diárias, trouxe na estreia comercial do circuito aproximadamente 150 pessoas para prestigiar a abertura. A bomboniere ficava separada em uma tenda mais isolada, o pedido era feito pelo Whatsapp, após acessar o QR-Code de seu ingresso e, finalmente, o atendente levava os produtos embalados, respeitando as medidas sanitárias, inclusive com sachê de álcool em gel. A tela de 135 m² projeta os filmes para os veículos com marcas marcadas e com distância mínima de 2 metros – até para uma melhor visão. O som do filme é projetado pelo aparelho do próprio rádio do carro, por uma frequência disponibilizada na entrada do serviço.

Sem trailers, o primeiro filme a ser projetado foi Um Dia de Chuva em Nova York, onde o som de jazz característico dos filmes de Woody Allen colaborou para o aspecto nostálgico da noite. A obra retrata velhas nuances da filmografia do cineasta, como as queixas sobre o próprio trabalho, o aparente medo de ficar sempre preso numa única condição e triângulos amorosos que confessam desejos antigos. A química entre Selena Gomez e Timothée Chalamet é o grande trunfo do realizador durante a narrativa. Quando estão afastados, o espectador deseja que fiquem juntos novamente. Querem ouvi-los por mais tempo. Saber mais.

Enquanto a personagem de Elle Fanning vive momentos únicos com homens diferentes para sua história, o de Chalamet vaga procurando uma narrativa própria, onde se possa novamente sentir o poder de uma novidade, de algo diferente. A sua pergunta? O romantismo ainda é possível? Woody Allen perambula pela instabilidade da vida, em alusões ao jogo da juventude, onde ainda apostamos na sorte e no nosso talento, sem que conheçamos de fato o que as coisas nos revelarão com o passar do tempo.

Com controle sobre seus dramas e piadas, Um Dia de Chuva em Nova York é claramente um monólogo, algo que faz com que certas frases pareçam forçadas aos seus atores. Isto, no entanto, não retira a magia da noite, do dia, da chuva, do filme. Uma das sequências mais lindas do longa-metragem é quando Gatsby Welles se senta ao piano, após longas discussões com Shannon, para cantar sensivelmente sobre como ele se sente com tudo ao seu redor. São instantes como esse, o filme expõe, que querem dizer algo. Que valem a pena.

Um Dia de Chuva em Nova York nos permite sermos românticos por alguns momentos, sem parecer clichê. Permite um pouco de nostalgia e de um sentimento clássico sobre um belo dia de chuva ou uma noite mágica. Nos faz esquecer do mundo lá fora, por alguns instantes, como a experiência do Drive-in nesta quinta-feira também permitiu.

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